Autoral
Divinópolis - MG
Projeto "Pombagiras: A Beleza que Ninguém Vê"
Quem tem medo de uma mulher livre, empoderada, independente, que gargalha alto, que se inscreve no próprio desejo, que vibra sexualidade, transgressão e resistência? Quem tem medo da força das potências femininas silenciadas, queimadas e torturadas por uma sociedade imersa em uma estrutura patriarcal, na qual o machismo insiste em naturalizar as mulheres como frágeis, alimentando e fazendo crescer a desigualdade de gênero?
Há muito tempo nossas mulheres vêm sendo caladas, oprimidas, julgadas e difamadas por uma estrutura social que propaga a misoginia, a submissão, a violência e agressão contra as mulheres. Nosso país foi construído a partir do sangue de mulheres assassinadas, do ventre rasgado de mulheres estupradas e abusadas.
A opressão se alastra por todos os cantos aonde a feminilidade se manifesta ou tenta se manifestar de forma livre, seja em espaços públicos, na disputa por cargos profissionais, dentro de terreiros e barracões das religiões de matriz africana do Brasil, na forma de se vestir e se comportar, dentro do próprio lar.
A associação com as Pombagiras, entidades espirituais que trabalham no Candomblé, Cultos de Nação e Umbanda no Brasil, se dá pela similaridade de “adjetivos” e xingamentos abusivos utilizados para difamá-las, como por exemplo: “vagabunda”, “puta”, “piranha”, “feiticeira”, entre outros xingamentos populares; os mesmos usados para denegrir todes os tipos de mulheres.
Pombagira é Deusa Negra e Transgressora, livre e independente, dona do seu corpo, da sua vida, dona de si. Assim, como as mulheres contemporâneas atuais, empoderadas, que possuem consciência de suas potencialidades e que vêm na liberdade, uma possibilidade real para se viver.
- OBJETIVO -
Neste trabalho, utilizo a fotografia e a investigação visual para refletir, interpretar e questionar a representação da mulher, muitas vezes negligenciada, equivocada e demonizada por uma mentalidade visual que reproduz o pensamento comum em mitos, símbolos e fábulas sem embasamento à realidade da figura, do contexto e do real significado, tendo o feminino como dismorfia da presença da mulher.
Nos rituais e cerimônias, pesquiso para ativar maior consciência, desmistificar as Pombagiras do envolto popular negativo que muitos associam à sua designação. E como as Pombagiras marcam o espelhamento das características das mulheres que avançam na mentalidade deste século, e no avanço de protagonismo nas estórias contemporâneas, marcadas pelo movimento deste feminino, a intenção é a pesquisa de outras figuras femininas, da mulher, que foram indevidamente retratadas em um estereótipo da mentalidade visual atual.
As características do arquétipo da Pombagira são praticamente as mesmas que a de mulheres empoderadas. Associando esse arquétipo ao brilhantismo das mulheres contemporâneas, o intuito é dissolver e questionar o preconceito tanto em relação às entidades espirituais afro-brasileiras, quanto às mulheres livres, independentes, empoderadas e donas de si.